historico:2014:ensaios:abranches
Diferenças
Aqui você vê as diferenças entre duas revisões dessa página.
Próxima revisão | Revisão anterior | ||
historico:2014:ensaios:abranches [2014/09/23 23:16] – criada renatabranches | historico:2014:ensaios:abranches [2022/11/24 14:12] (atual) – edição externa 127.0.0.1 | ||
---|---|---|---|
Linha 1: | Linha 1: | ||
+ | ==== Seleção de Modelos de Volume de Madeira ==== | ||
+ | |||
+ | == Renata Aparecida Serio Abranches == | ||
+ | |||
+ | == renatabranches@yahoo.com.br == | ||
+ | |||
+ | |||
+ | === Introdução === | ||
+ | |||
+ | O inventário florestal consiste no uso de fundamentos da teoria de amostragem para a determinação ou estimativa de características quantitativas ou qualitativas da floresta (SCOLFORO & MELLO, 2006). | ||
+ | |||
+ | Dentre as características quantitativas resultantes do inventário florestal, podemos citar por exemplo, o volume de madeira de uma dada área de interesse. | ||
+ | |||
+ | Para isso não é necessário determinar o volume de madeira de todas as árvores de um povoamento, pode ser feita uma “estimativa” do volume das árvores a partir do volume de algumas árvores que são abatidas (COUTO et al., 1989). | ||
+ | |||
+ | Nessas árvores abatidas é realizada a cubagem rigorosa, utilizando-se de técnicas que se baseiam na medição do diâmetro e altura ao longo do fuste (SCOLFORO & THIERSCH, 2004). A cubagem caracteriza o comportamento do diâmetro ao longo do tronco e determina o volume real dessas árvores. | ||
+ | |||
+ | O volume dessas árvores abatidas, pode ser obtido pelo emprego de diferentes fórmulas, entre elas, podemos citar as fórmulas de Smalian, Huber, Newton e Hohenald (ANDRADE, 2006). E a partir desse processo é possível obter alguns fatores úteis para a estimativa do volume das árvores em pé. | ||
+ | |||
+ | Os dados obtidos na cubagem são analisados empregando-se técnicas de regressão linear e não-linear com o intuito de definir uma equação adequada à predição do volume em árvores não-cubadas (ANDRADE, 2006). | ||
+ | |||
+ | A vantagem das equações de volume é o cálculo de volume sólido, árvore a árvore, através de modelos matemáticos, | ||
+ | |||
+ | Existem vários modelos denominados de dupla entrada, que explicam o volume através de duas variáveis, no caso o diâmetro tomado a 1,30 metros de altura do solo e a altura, podendo citar entre esses os modelos de Spurr, Schumacher-Hall, | ||
+ | |||
+ | Apesar da eficiência de alguns modelos, os mesmos nem sempre se ajustam a todas as espécies e condições, | ||
+ | |||
+ | O objetivo final de testar vários modelos de regressão é obter um modelo que apresente condições de explicar o fenômeno estudado, com baixa possibilidade de erro (COUTO & BASTOS, 1987). | ||
+ | |||
+ | === Procedimento Padrão na Escolha do Melhor Modelo === | ||
+ | |||
+ | |||
+ | Para comparar e selecionar o melhor modelo de regressão, a análise pode se basear em alguns critérios de seleção, como: Coeficiente de Determinação (R²), Erro-Padrão da Estimativa (Syx) entre outros. | ||
+ | |||
+ | O R² expressa a quantidade de variação da variável dependente que é explicada pelas variáveis independentes. Quanto mais próximo de um for o valor do R², melhor terá sido o ajuste (MACHADO et al., 2002). | ||
+ | |||
+ | O Erro-Padrão da Estimativa indica a precisão do ajuste de um modelo matemático, | ||
+ | |||
+ | As medidas de precisão R² e Syx não devem ser utilizadas isoladamente para o julgamento da precisão do modelo, pois podem fornecer informações enganosas sobre o ajuste. O recomendado é completá-las fazendo uma análise gráfica de resíduos, que é decisiva na avaliação da qualidade das estimativas, | ||
+ | |||
+ | === Escolha do Modelo pela Inferência da Verossimilhança === | ||
+ | |||
+ | A inferência estatística da verossimilhança baseia-se em ajustar modelos através de dados, sendo que os parâmetros são variáveis e os dados fixos. | ||
+ | |||
+ | A lei de verossimilhança pressupõe que se uma hipótese A é mais plausível que uma hipótese B, significa que a probabilidade atribuída ao valor observado é maior em A do que em B, bem como a razão dessas probabilidades, | ||
+ | |||
+ | Na seleção de modelos, as hipóteses concorrentes são representadas por diferentes modelos que são confrontados simultaneamente com um conjunto de dados. Para essa seleção do modelo, foi desenvolvido o critério de Akaike (AIC), que se origina da minimização da informação ou distância de Kulback-Leibler (K-L) como base para a seleção de modelos, onde a informação K-L é uma medida da distância entre o modelo verdadeiro e um modelo candidato (DAL BELLO, 2010). | ||
+ | |||
+ | Um dos critérios de comparação de modelos é o Critério de Informação de Akaike, que penaliza o número de parâmetros na log-verosimilhança negativa do modelo, que pode ser utilizada através da fórmula (AIC = −2 ln [L(modelo)] + 2 p), onde: L(modelo) é a função de verossimilhança do modelo e p é o número de parâmetros do modelo (BATISTA, 2008). | ||
+ | |||
+ | Um valor de AIC individual, não pode ser por si só interpretável, | ||
+ | |||
+ | É recomendado também o cálculo das diferenças (Δi) de AIC, que pode ser obtido através da fórmula “Δi = AICi – AICmin”. Nesse caso, se os modelos apresentarem diferença entre os AICs de menor ou igual a 2, estes podem ser considerados indiferentes (BOLKER, 2007). | ||
+ | |||
+ | Com o uso da verossimilhança não iremos interpretar os dados apenas utilizando medidas de precisão para compará-los dois a dois e escolher o modelo que melhor representa os dados, mas analisaremos as relações, obtidas através do método AIC, podendo comparar todos os modelos simultaneamente e identificar qual foi o mais plausível, ou seja, com a utilização desse método, a confiabilidade de escolha do melhor modelo aumenta. | ||
+ | |||
+ | Ressaltando que quando se utiliza do método da máxima verossimilhança, | ||
+ | |||
+ | === Referências Bibliográfica === | ||
+ | |||
+ | ANDRADE, C. L.; CALEGARIO, N.; SCOLFORO, J. R. S. Análise de algumas alternativas para obter o coeficiente angular da reta no método da altura relativa. Ciência Florestal, v. 16, n. 3, p. 303-317, 2006. | ||
+ | |||
+ | BATISTA, J.L.F. 2008. Inferência em Recursos Florestais e Ecologia: A abordagem da Verossimilhança. Palestra no ciclo de seminários do Programa de Pós-Graduação em Estatística e Experimentação Agronômica, | ||
+ | |||
+ | BOLKER, B.M. 2007. Ecological Models and Data in R Princeton: Princeton University Press. 485 p. | ||
+ | |||
+ | BURNHAM, K.P. & ANDERSON, D.R. 2002. Model selection and multimodel inference. A practical information - theoretic approach. Second Edition. Springer, New York. 454 p. | ||
+ | |||
+ | COUTO, H. T. Z. & BASTOS, N. L. M. Modelos de equações de volume e relações hipsométricas para plantações de Eucalyptus no Estado de São Paulo. IPEF, Piracicaba, n. 37, p. 33-44, dez. 1987. | ||
+ | |||
+ | COUTO, H. T. Z.; BATISTA, J. L. F.; RODRIGUES, L. C. E. Mensuração e gerenciamento de pequenas florestas. Documentos Florestais, Piracicaba, | ||
+ | |||
+ | DAL BELLO, L. H. A. Modelagem em experimentos mistura-processo para otimização de processos industriais. Tese de doutorado - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Industrial. 2010. | ||
+ | |||
+ | MACHADO, S. A.; CONCEIÇÃO, | ||
+ | |||
+ | ROYALL, R. M. 2007. The likelihood paradigm for statistical evidence. In: The nature of scientific evidence (eds. ML Taper and SR Lele), University of Chicago Press, pp 119–152. | ||
+ | |||
+ | SCOLFORO, J. R.; OLIVEIRA, A. D.; DAVIDE, A. C. Manejo sustentado das candeias Eremanthus erythropappus (DC.) McLeisch e Eremanthus incanus (Less.) Less. Lavras: Departamento de Ciências Florestais. 2004. 18p. | ||
+ | |||
+ | SCOLFORO, J.R.S. & MELLO, J.M. 2006. Inventário Florestal. Lavras: UFLA/FAEPE. 561p. | ||
+ | |||
+ | SCOLFORO, J.R.S. & THIERSCH, C. R. 2004. Biometria Florestal: medição, volumetria e gravimetria. Lavras: UFLA/FAEPE. 285 p. | ||
+ | |||
+ | SCOLFORO, J.R.S. 2005. Biometria Florestal: Parte I: Modelos de regressão linear e não linear, Parte II: Modelos para relação hipsométrica, | ||
+ | |||
+ | THOMAS, C. et al. Comparação de equações volumétricas ajustadas com dados de cubagem e análise de tronco. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 3, p. 319-327, 2006. | ||
+ | |||
+ | === Citação === | ||
+ | |||
+ | Este ensaio é um produto de disciplina BIE 5781 (Modelagem Estatística para Ecologia e Recursos Naturais) da pós-graduação da Universidade de São Paulo. | ||